Assista o seguinte video sobre concordâncias nominais e verbais.
Concordância Nominal:
Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que concordem em gênero e número com o substantivo.
- O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.
Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome.
Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira, merecendo um estudo separado de concordância verbal.
REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome, concordam em gênero e número com o substantivo.
- A pequena criança é uma gracinha.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fogem à regra geral, mostrada acima.
a) Um adjetivo após vários substantivos
1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Ela tem pai e mãe louros.
- Ela tem pai e mãe loura.
- Ela tem pai e mãe loura.
3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente para o plural.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
1 - Adjetivo anteposto normalmente: concorda com o mais próximo.
Comi delicioso almoço e sobremesa.
Provei deliciosa fruta e suco.
Provei deliciosa fruta e suco.
2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os filhos.
Estava ferido o pai e os filhos.
Estava ferido o pai e os filhos.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo
1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
2- coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
Vossa santidade esteve no Brasil.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
1 - Concordam com o substantivo a que se referem.
As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios.
Obrigado, disse o rapaz.
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios.
Obrigado, disse o rapaz.
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular e o adjetivo no plural.
Renato advogou um e outro caso fáceis.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
g) É bom, é necessário, é proibido
1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido de artigo ou outro determinante.
Canja é bom. / A canja é boa.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é proibida.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é proibida.
h) Muito, pouco, caro
1- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Comi muitas frutas durante a viagem.
Pouco arroz é suficiente para mim.
Os sapatos estavam caros.
Pouco arroz é suficiente para mim.
Os sapatos estavam caros.
2- Como advérbios: são invariáveis.
Comi muito durante a viagem.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
Comprei caro os sapatos.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
Comprei caro os sapatos.
i) Mesmo, bastante
1- Como advérbios: invariáveis
Preciso mesmo da sua ajuda.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
2- Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
j) Menos, alerta
1- Em todas as ocasiões são invariáveis.
Preciso de menos comida para perder peso.
Estamos alerta para com suas chamadas.
Estamos alerta para com suas chamadas.
k) Tal Qual
1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o conseqüente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
l) Possível
1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade.
m) Meio
1- Como advérbio: invariável.
Estou meio insegura.
2- Como numeral: segue a regra geral.
Comi meia laranja pela manhã.
n) Só
1- apenas, somente (advérbio): invariável.
Só consegui comprar uma passagem.
2- sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas.
Concordância Verbal:
SUJEITO CONSTITUÍDO PELOS PRONOMES QUE & QUEM
"Haver" no sentido de “existir”, indicando “tempo” ou no sentido de “ocorrer” ficará na terceira pessoa do singular. É impessoal, ou seja, não admite sujeito.
- Os EUA já foi o primeiro mercado consumidor.
QUE: se o sujeito for o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente do pronome relativo.
- Fui eu que falei. (eu falei)
- Fomos nós que falamos. (nós falamos)
- Fomos nós que falamos. (nós falamos)
QUEM: se o sujeito for o pronome relativo quem, o verbo ficará na terceira pessoa do singular ou concordará com o antecedente do pronome (pouco usado).
- Fui eu quem falou. (ele (3ª pessoa) falou)
Obs: nas expressões “um dos que”, “uma das que”, o verbo deve ir para o plural. Porém, alguns estudiosos e escritores aceitam ou usam a concordância no singular.
- João foi um dos que saíram.
PRONOME DE TRATAMENTO
O verbo fica sempre na 3ª pessoa (ele - eles).
- Vossa Alteza deve viajar.
- Vossas Altezas devem viajar.
- Vossas Altezas devem viajar.
DAR – BATER – SOAR (indicando horas)
Quando houver sujeito (relógio, sino) os verbos concordam normalmente com ele.
Quando houver sujeito (relógio, sino) os verbos concordam normalmente com ele.
- O relógio deu onze horas.
- O Relógio: sujeito
Deu: concorda com o sujeito.
- O Relógio: sujeito
Deu: concorda com o sujeito.
Quando não houver sujeito, o verbo concorda com as horas que passam a ser o sujeito da oração.
- Deram onze horas.
- Deram três horas no meu relógio.
- Deram três horas no meu relógio.
SUJEITO COLETIVO (SUJEITO SIMPLES)
- O cardum- e escapou da rede.
- Os cardumes escaparam da rede.
- Os cardumes escaparam da rede.
Nesses dois exemplos o verbo concordou com o coletivo (sujeito simples).
Quando o sujeito é formado de um coletivo singular seguido de complemento no plural, admitem-se duas concordâncias:
1ª) verbo no singular.
- O bando de passarinhos cantava no jardim.
- Um grupo de professores acompanhou os estudantes.
- Um grupo de professores acompanhou os estudantes.
2ª) o verbo pode ficar no plural, nesse caso o verbo no plural dará ênfase ao complemento.
- O bando de passarinhos cantavam no jardim.
- Um grupo de professores acompanharam os estudantes
- Um grupo de professores acompanharam os estudantes
SE
Verbos transitivos diretos e verbos transitivos diretos e indiretos + - se:
Verbos transitivos diretos e verbos transitivos diretos e indiretos + - se:
Se o termo que recebe a ação estiver no plural, o verbo deve ir para o plural, se estiver no singular, o verbo deve ir para o singular.
- Alugam-se cavalos.
“Alugar” é verbo transitivo direto.
“Cavalos” recebe a ação e está no plural, logo o verbo vai para o plural.
“Cavalos” recebe a ação e está no plural, logo o verbo vai para o plural.
Aqui o “se” é chamado de partícula apassivadora (Cavalos são alugados).
Outros exemplos:
- Vendem-se casas.
- Alugam-se apartamentos.
- Exigem-se referências.
- Consertam-se pianos.
- Plastificam-se documentos.
- Entregou-se uma flor à mulher. (verbo transitivo direto e indireto)
- Alugam-se apartamentos.
- Exigem-se referências.
- Consertam-se pianos.
- Plastificam-se documentos.
- Entregou-se uma flor à mulher. (verbo transitivo direto e indireto)
OBS: Somente os verbos transitivos diretos têm voz passiva.
Qualquer outro tipo de verbo (transitivo indireto ou intransitivo) fica no singular.
- Precisa-se de professores. (Precisar é verbo transitivo indireto)
- Trabalha-se muito aqui. (trabalhar é verbo intransitivo)
- Trabalha-se muito aqui. (trabalhar é verbo intransitivo)
Nesse caso, o “se” é chamado de índice de indeterminação do sujeito ou partícula indeterminadora do sujeito.
HAVER – FAZER
"Fazer" quando indica “tempo” ou “fenômenos da natureza”, também é impessoal e deverá ficar na terceira pessoa do singular.
- Nesta sala há bons e maus alunos. (= existe)
- Já houve muitos acidentes aqui. (= ocorrer)
- Faz 10 anos que me formei. (= tempo decorrido)
- Já houve muitos acidentes aqui. (= ocorrer)
- Faz 10 anos que me formei. (= tempo decorrido)
SUJEITO COMPOSTO RESUMIDO POR UM INDEFINIDO
O verbo concordará com o indefinido.
O verbo concordará com o indefinido.
- Tudo, jornais, revistas, TV, só trazia boas noticias.
- Ninguém, amigos, primos, irmãos veio visitá-lo.
- Amigos, irmãos, primos, todos foram viajar.
- Ninguém, amigos, primos, irmãos veio visitá-lo.
- Amigos, irmãos, primos, todos foram viajar.
PESSOAS DIFERENTES
O verbo flexiona-se no plural na pessoa que prevalece (a 1ª sobre a 2ª e a 2ª sobre a 3ª).
Eu e tu: nós
Eu e você: nós
Ela e eu: nós
Tu e ele: vós
Eu e você: nós
Ela e eu: nós
Tu e ele: vós
- Eu, tu e ele resolvemos o mistério. (1ª pessoa prevalece)
- O diretor, tu e eu saímos apressados. (1ª pessoa prevalece)
- O professor e eu fomos à reunião. (1ª pessoa prevalece)
- Tu e ele deveis fazer a tarefa. (2ª pessoa prevalece)
- O professor e eu fomos à reunião. (1ª pessoa prevalece)
- Tu e ele deveis fazer a tarefa. (2ª pessoa prevalece)
Obs: como a 2ª pessoa do plural (vós) é muito pouco usado na língua contemporânea , é preferível usar a 3ª pessoa quando ocorre a 2ª com a 3ª.
- Tu e ele riam à beça.
- Em que língua tu e ele falavam?
- Em que língua tu e ele falavam?
Podemos também substituir o “tu” por “você”.
- Você e ele: vocês
NOMES PRÓPRIOS NO PLURAL
Se o nome vier antecedido de artigo no plural, o verbo deverá concordar no plural.
Se o nome vier antecedido de artigo no plural, o verbo deverá concordar no plural.
- Os Andes ficam na América do Sul.
Se não houver artigo no plural, o verbo deverá concordar no singular.
- Santos fica em São Paulo.
- “Memórias Póstumas de Brás Cubas” consagrou Machado de Assis.
- “Memórias Póstumas de Brás Cubas” consagrou Machado de Assis.
Obs 1: Com nome de obras artísticas, admite-se a concordância ideológica com a palavra “obra”, que está implícita na frase.
- “Os Lusíadas” imortalizou Camões.
Obs 2: Com o verbo “ser” e o predicativo no singular, o verbo fica no singular.
“Os Lusíadas” é a maior obra da Literatura Portuguesa.
SER
O verbo “ser” concordará com o predicativo quando o sujeito for o pronome interrogativo “que” ou “quem”.
- Quem são os eleitos?
- Que seriam aqueles ruídos estranhos?
- Que são dois meses?
- Que são células?
- Quem foram os responsáveis?
- Que seriam aqueles ruídos estranhos?
- Que são dois meses?
- Que são células?
- Quem foram os responsáveis?
Quando o verbo “ser” indicar tempo, data, dias ou distância, deve concordar com a apalavra seguinte.
- É uma hora.
- São duas horas.
- São nove e quinze da noite.
- É um minuto para as três.
- Já são dez para uma.
- Da praia até a nossa casa, são cinco minutos.
- Hoje é ou são 14 de julho?
- São duas horas.
- São nove e quinze da noite.
- É um minuto para as três.
- Já são dez para uma.
- Da praia até a nossa casa, são cinco minutos.
- Hoje é ou são 14 de julho?
Em relação às datas, quando a palavra “dia” não está expressa, a concordância é facultativa.
Se um dos elementos (sujeito ou predicativo) for pronome pessoal, o verbo concordará com ele.
- Eu sou o chefe.
- Nós somos os responsáveis.
- Eu sou a diretora.
- Nós somos os responsáveis.
- Eu sou a diretora.
Quando o sujeito é um dos pronomes isto, isso, aquilo, o, tudo, o verbo “ser” concordará com o predicativo.
- Tudo são flores.
- Isso são lembranças de viagens.
- Isso são lembranças de viagens.
Pode ocorrer também o verbo no singular concordando com o pronome (raro).
- Tudo é flores.
Quando o verbo “ser” aparece nas expressões “é muito”, “é bastante”, “é pouco”, “é suficiente” denotando quantidade, distância, peso, etc ele ficará no singular.
- Oitocentos reais é muito.
- Cinco quilos é suficiente.
- Cinco quilos é suficiente.
Tipos de Discursos:
Discurso é a prática humana de construir textos, sejam eles escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prática social. A análise de um discurso deve, portanto, considerar o contexto em que se encontra, assim como as personagens e as condições de produção do texto.
Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre. Não necessariamente estes três discursos estão separados, eles podem aparecer juntos em um texto. Dependerá de quem o produziu.
Vejamos cada um deles:
Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens ganham voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que traços da fala e da personalidade das personagens sejam destacados e expostos no texto. O discurso direto reproduz fielmente as falas das personagens. Verbos como dizer, falar, perguntar, entre outros, servem para que as falas das personagens sejam introduzidas e elas ganhem vida, como em uma peça teatral.
Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito comuns durante a reprodução das falas.
Ex.
“O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!...”
“- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”
Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz fala, e reações das personagens. É escrito normalmente em terceira pessoa. Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras suas para reproduzir aquilo que foi dito pela personagem.
Ex.
“Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de Assis)
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava podiam ser onze horas.” (Lima Barreto)
Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira pessoa e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se fundem.
Ex.
“Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um momento em que esteve quase... quase!”
“Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado)
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos)
Língua culta e coloquial
Língua culta e coloquial
A linguagem é a capacidade que o homem possui de interagir com o seu semelhante, utilizando-se da palavra, oral ou escrita (linguagem verbal), de gestos, expressões fisionômicas, imagens, notas musicais (linguagem não verbal) etc. O uso da linguagem sempre objetivará a produção de sentido, ou seja, entendimento entre os interlocutores (parceiros no processo comunicativo). Para isso, o processo de adequação linguística é fundamental.
A linguagem não pode ser utilizada sempre da mesma forma, já que o contexto, os interlocutores e o objetivo da mensagem são alguns dos fatores que influenciam em sua variação. No entanto, ela não deve ser classificada como certa ou errada, mas como adequada ou inadequada.
No processo de adequação da linguagem, além dos fatores já mencionados, diferenciar e caracterizar a língua culta e coloquial é imprescindível, pois a confusão entre elas causa prejuízos tanto para a produção textual quanto para a comunicação de forma geral. Acompanhe as características da língua coloquial e culta:
Língua coloquial:
- Variante espontânea;
- Utilizada em relações informais;
- Sem preocupações com as regras rígidas da gramática normativa;
- Presença de coloquialismos (expressões próprias da fala), tais como: pega leve, se toca, tá rolandoetc.
- Uso de gírias;
- Uso de formas reduzidas ou contraídas (pra, cê, peraí, etc.)
- Uso de “a gente” no lugar de nós;
- Uso frequente de palavras para articular ideias (tipo assim, ai, então, etc.);
Língua culta:
- Usada em situações formais e em documentos oficiais;
- Maior preocupação com a pronúncia das palavras;
- Uso da norma culta;
- Ausência do uso de gírias;
- Variante prestigiada.
A língua coloquial, por ser descontraída, relaciona-se à fala (língua oral), enquanto a culta, à escrita.
Releitura Literária - Romance.
Assista o seguinte vídeo abaixo:
Romance "Vila dos Confins"
Releia o seguinte fragmento do capítulo – “Sertão dos Confins” – da obra romântica Vila dos Confins de Mário Palmério.
O Sertão dos Confins é um mundo de chão arenoso e branco, que principia na Serra dos Ferreiros e acaba no Ribeirão das Palmas. (...)
Ah, e a caatinga!
Lavoura, lavoura mesmo, por ora nada: meia quarta de arroz aqui, litrinho ali de feijão comum; milho, cana e mandioca; e, lá uma vez na vida, um canteirinho de algodão. (...)
Se o Sertão dos Confins é magro de boas terras, tem lá as suas compensações. A caça encontra-se à vontade nas tiras de mato e nas varjões beira-rio: jacus, jaós, patos, e tudo o que é raça de passarão morador nas redondezas de água corrente e parada. Nos campos pragueja a caça miúda das perdizes, codornas e nhambus. Para os que apreciam bichos de porte, há fartura de emas, queixadas, capivaras, e todo o tipo de veados das três moradas: campeiros, catingueiros e mateiros. Antas e cervos não fugiram de todo ainda, apesar de um ou outro caçador que sempre dá de aparecer por aquelas bandas. Tampouco as onças-pintadas, e outras pestes da mesma marca: sucuris e jacarés, sem falar nas piranhas, a maldição mor das águas sertanejas. As sucuris, essas, então, infestam as cabeceiras e brejos daqueles cafundós. Uma desgraça! Jacaré, também, enxame deles. E jacarés papo-amarelo, dos manatas — sornas sempre, mas refinadíssimos ladrões de tudo o que é criação de terreiro. Uma beleza, o Sertão dos Confins, para quem gosta de caçadas. (...)
Para quem gosta da pesca, então é que é pagode! Peixe por demais: de escama ou de couro, de bigode ou sem bigode, a peixaria é um dilúvio. Dourados e matrinxãs, surubis e pacus, taguaras e piaus, jaús, pirás, corvinas... — povo aquático de todas as categorias e tamanhos. Tarrafa jogada em rasoura não volta murcha. Na pior das desgraças, são lá as suas oito ou dez curimatás de palmo e tanto, e cascudões de mais de quilo (um ensopado de cascudo, torrado antes no borralho para se conseguir arrancar o capotão de couro duro que nem ferro, e temperado sem misérias de pimenta, é prato de muito luxo). Anzol iscado com muçum não esfria na água e vai parar certinho no bucho de um moleque dos seus oito ou dez quilotes. Isso, quando o pescador é azarado, porque na maioria dos casos o peixe costuma pesar arroba e coisa. E não é novidade, não senhor, arrancar-se um pintadão de mais de cinco arrobas! (...)
Este, um ligeiro apanhado do Sertão dos Confins. Esqueceram-no as geografias, esqueceram-no os governos. Quem desejar pormenores, só mesmo dando um pulo até lá.
O Sertão dos Confins é um mundo de chão arenoso e branco, que principia na Serra dos Ferreiros e acaba no Ribeirão das Palmas. (...)
Ah, e a caatinga!
Lavoura, lavoura mesmo, por ora nada: meia quarta de arroz aqui, litrinho ali de feijão comum; milho, cana e mandioca; e, lá uma vez na vida, um canteirinho de algodão. (...)
Se o Sertão dos Confins é magro de boas terras, tem lá as suas compensações. A caça encontra-se à vontade nas tiras de mato e nas varjões beira-rio: jacus, jaós, patos, e tudo o que é raça de passarão morador nas redondezas de água corrente e parada. Nos campos pragueja a caça miúda das perdizes, codornas e nhambus. Para os que apreciam bichos de porte, há fartura de emas, queixadas, capivaras, e todo o tipo de veados das três moradas: campeiros, catingueiros e mateiros. Antas e cervos não fugiram de todo ainda, apesar de um ou outro caçador que sempre dá de aparecer por aquelas bandas. Tampouco as onças-pintadas, e outras pestes da mesma marca: sucuris e jacarés, sem falar nas piranhas, a maldição mor das águas sertanejas. As sucuris, essas, então, infestam as cabeceiras e brejos daqueles cafundós. Uma desgraça! Jacaré, também, enxame deles. E jacarés papo-amarelo, dos manatas — sornas sempre, mas refinadíssimos ladrões de tudo o que é criação de terreiro. Uma beleza, o Sertão dos Confins, para quem gosta de caçadas. (...)
Para quem gosta da pesca, então é que é pagode! Peixe por demais: de escama ou de couro, de bigode ou sem bigode, a peixaria é um dilúvio. Dourados e matrinxãs, surubis e pacus, taguaras e piaus, jaús, pirás, corvinas... — povo aquático de todas as categorias e tamanhos. Tarrafa jogada em rasoura não volta murcha. Na pior das desgraças, são lá as suas oito ou dez curimatás de palmo e tanto, e cascudões de mais de quilo (um ensopado de cascudo, torrado antes no borralho para se conseguir arrancar o capotão de couro duro que nem ferro, e temperado sem misérias de pimenta, é prato de muito luxo). Anzol iscado com muçum não esfria na água e vai parar certinho no bucho de um moleque dos seus oito ou dez quilotes. Isso, quando o pescador é azarado, porque na maioria dos casos o peixe costuma pesar arroba e coisa. E não é novidade, não senhor, arrancar-se um pintadão de mais de cinco arrobas! (...)
Este, um ligeiro apanhado do Sertão dos Confins. Esqueceram-no as geografias, esqueceram-no os governos. Quem desejar pormenores, só mesmo dando um pulo até lá.
Atividades::
1. Agora reescreva esse capitulo com suas palavras, elaborando um novo texto romântico.
2. Indentifique 01 trechos no texto acima que sejam exemplos de :
a) concordância nominal.
b) concordância verbal.
c) do emprego de adjetivos e locuções adjetivas utilizadas na caracterização das personagens e dos espaços nesse capitulo do romance de Mário Palmério.
d) do tipo de discurso (direto, indireto ou indireto livre) presente nesse texto.
2. Indentifique 01 trechos no texto acima que sejam exemplos de :
a) concordância nominal.
b) concordância verbal.
c) do emprego de adjetivos e locuções adjetivas utilizadas na caracterização das personagens e dos espaços nesse capitulo do romance de Mário Palmério.
d) do tipo de discurso (direto, indireto ou indireto livre) presente nesse texto.
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